Conhecendo a Europa

22.04.2013

O CHÂTEAU DE VERSAILLES

O Château de Versailles, que tem sido Patrimônio Cultural da UNESCO há 30 anos, é uma das conquistas mais bonitas da arte do século XVIII francês.  Considerado um dos maiores Palácios do mundo, possui 2.143 janelas, 67 escadas, 352 chaminés, 700 quartos, 1.250 lareiras e 700 hectares de parque. Estar dentro dele é como mergulhar na história, é imaginar toda a nobreza vivida no passado, constatar que tudo aquilo que você só via em livros de histórias no colégio, realmente existe, é conservado e é simplesmente deslumbrante.








(maquete)

Para entender melhor a imensidão:




O espaço começou com Luís XIII, sendo um pequeno abrigo de caça para ele, porém cabe a Luís XIV, seu filho, a sua criação em 1682. Cada um dos três reis que viveram ali até a Revolução Francesa acrescentaram melhorias tornando-o mais belo. Foi um pouco por acaso que o futuro Luís XIV descobriu Versalhes pela primeira vez em 1641, quando seu pai enviou-o para lá com o irmão para escapar a uma epidemia de varíola.

Dez anos mais tarde volta lá como Rei, de modo a saborear os prazeres da caça. Desde então vai regularmente divertir-se até virar sua magnífica criação. Então de 1682 a 1789, com uma breve interrupção entre 1715 e 1722, Versalhes foi a sede da monarquia absoluta e tornou-se o símbolo porque o local, modelado pela vontade do Rei-Sol, reflete a sua concepção do poder.

Na época de Luís XIII era assim:


Com Luís XIV:






Estátua de Luís XIV em frente ao Castelo




(revestido por folículos de ouro)



A Moradia do Poder

Nesta sociedade fundada sobre o prestígio e a representação, a emulação é constante, o luxo obrigatório, a vida ruinosa. Através disso, Luís XIV segura os cortesões, ele próprio deve dominar em tudo. A sua residência deve ser a maior e a mais bela, carregada na sua decoração de símbolos em sua glória. O numero dos seus criados, no sentido nobre do termo, agrupados na Casa do Rei, deve ser o mais importante e a corte muito frequentada: encontram-se lá de três mil a dez mil pessoas.

No fim do reinado, o palácio em si acolhe quatro mil habitantes, enquanto as dependências na vila contavam 2700. Esta multidão considerável requer uma regulamentação estrita, a etiqueta e os seus aborrecimentos podem hoje parecer fúteis, esse protocolo era, porém essencial, pois afirmava os escalões, a primazia do Rei; resumindo, a hierarquia no âmago da corte. É aplicado aos gestos mais íntimos do soberano – levantar, deitar, refeições.







Outra particularidade de Versalhes que surpreende com razão os estrangeiros: os jardins como os interiores do palácio estão largamente franqueados ao público. Sem pertencer a corte, cada um pode ver o Rei quando este atravessa o seu Grande Apartamento para ir à Capela, cada um pode penetrar até seu quarto mas somente quando ele estava ausente. Todas estas funções de representação, de governo, de habitação, de serviço explicam a distribuição dos locais. Mas isso não foi feito em um dia.



Cinquenta anos de obras

Quando, no começo do seu reino pessoal em 1661, Luís XIV vem distrair-se no abrigo de caça do pai e ordenar os primeiros arranjos, ele próprio não imagina que essa pequena construção, que corresponde aos edifícios que rodeiam o futuro pátio de Mármore, vai tonar-se o centro de um imenso conjunto.

Nesses tempos de juventude, ele começou os trabalhos de arranjo tanto interiores – confiados a Charles Le Brun – como exteriores, privilegiando a extensão do parque e dos jardins, confiados de imediato a André Le Nôtre, e que tornaram no quadro de festas tão extraordinárias que dão a conhecer o nome de Versalhes em toda Europa.

Foi logo após o Grande Divertimento de 1668 que o Rei, apercebendo-se da mesquinhez dos locais, decidiu uma primeira ampliação. Le Vau e d’Orbay, os seus arquitetos, envolvem o antigo palácio em três corpos de edifícios voltados para o parque.

As novas construções, realizadas em pedra e ao gosto da época (o estilo das vivendas barrocas romanas), contrastam de tal modo com a arquitetura de tijolo, pedra e ardósia vinda de Luís XIII que se poderiam dizer dois palácios diferentes embutidos um no outro.





Le Brun, primeiro pintor do Rei, fornece os desenhos para toda a decoração interior dos Grandes Apartamentos e para as esculturas das fontes que multiplicam seus efeitos de água nos jardins, nas alamedas, nos bosques.

Apolo, o Deus do Sol, a quem o rei se identifica, reina por toda parte. Entre o Apartamento do Rei, que se estende a norte, e o da Rainha, a Sul, a fachada central sobre o jardim recebe um terraço à italiana com uma fonte no centro. Mas este novo palácio não é mais suficiente e a entrada em cena de Jules Hardouin-Mansart vai alterar sensivelmente a fisionomia do palácio para adquirir as dimensões que conhecemos hoje.





(primeiro eles reproduziam em maquetes, se fosse aprovado pelo Rei, o teto era pintado)







Em 1677, esta aceleração dos trabalhos anuncia a vontade de Luís XIV de fixar a corte e o governo em Versalhes. Inicia-se então uma imensa obra que, embora com dezenas de milhares de homens trabalhando, está longe de ser concluída por ocasião da instalação efetiva no dia 6 de Maio de 1682 no palácio “seja como for ainda cheio de pedreiros”, segundo as palavras do grande oficial.

Sob a direção de Hardouin-Mansart, as áreas construídas foram multiplicadas por cinco. A partir de 1678, a galeria dos Espelhos substitui o terraço central do primeiro andar.





(galeria dos espelhos)



O Rei Luís XIV

Os interiores são remodelados constantemente, os bosques renovados, os trabalhos de adução de água são cada vez mais ambiciosos (dizem que o Rei mandou construir uma imensa Lagoa, para que pudessem pegar água para seus chafarizes, já que não possuía ali por perto, logo teve de ser feito um imenso trabalho para que ela viesse).

Porém, as guerras do fim do reinado freiam o andamento dos projetos, a quinta e a última Capela foi inaugurada somente em 1710, sem estar totalmente concluída.

Pela vontade do Rei, esses cinquenta anos de esforços, de hesitações, de vicissitudes criaram finalmente um conjunto onde tudo está controlado (a natureza como os homens), onde tudo está ordenado segundo um eixo que atravessa a moradia real ao centro, exatamente onde, desde 1701, está fixado o quarto do Rei.







(tudo isso vou mostrar depois nas fotos que realmente existe até hoje no imenso jardim do castelo)



(a Capela)







(o quarto do Rei, mas não onde ele dorme, apenas onde “o Rei se veste”, feitas as cerimônias do despertar e do deitar do Rei, onde as pessoas podiam ver)





(aqui sim em 1701, Luís XIV decidiu fazer desta sala o seu quarto de dormir, é aqui que o Rei Sol morreu em 01 de Setembro de 1715. Depois dele, Luís XV como Luís XVI continuarão a repousarem-se. Dali poderia ter uma ótima visão dos seus esplêndidos jardins pelas janelas)



(As arcadas na galeria foram fechadas e substituídas por uma alcova forrada de veludo no Inverno assim como todo o mobiliário e no Verão de tecido de seda bordado com fios de ouro, é este último estado que foi reconstituído)

Vanessa Massaneiro