Contando Histórias

13.06.2017

Reclamação de um Rio do centro de Santa Helena

Quando chegaram as primeiras famílias em Santa Helena, na década de 1950/1960, sendo essa maioria agricultores e pessoas que vieram desempenhar atividades comerciais, não tinham local definido para residir, assim sendo acolhidos nas casas construídas pela Empresa de Colonização Agrícola Madalozzo. Os alojamentos ficavam próximo ao cruzamento da Avenida São Paulo com a Rua Ângelo Cattani; e  foi escolhido pela abundante quantidade de água límpida e potável que existia naquele lugar, que estavam em plenas condições de uso aos humanos e animais domésticos.

Em meio à inúmeras vertentes de água que brotava do solo, corria e ainda “corre” um Rio. As vertentes direcionavam os fluxos de água para o Rio deixando-o forte e vigoroso. Este mecanismo (ecossistema) natural, permitia ao Rio abastecer de água as casas dos santa-helenenses no início da colonização, sendo usado para higiene pessoa, preparo de alimentos, e uso doméstico como lavar roupas; além de matar a sede dos animais domésticos: gado bovino, equinos, suínos e cachorros trazidos nas mudanças. O Rio era um lugar de lazer e divertimento para as pessoas que viviam a suas margens, crianças nadavam e brincavam, desfrutando daquela natureza que foram lhe oferecidas.

Os primeiros moradores do vale deste Rio conscientes dos benefícios que recebiam das suas águas, resolveram dar-lhe o nome de Rio Santa Helena e acrescentaram ao espaço geográfico banhado pelas águas do Rio, Vila Rica, (homenagem às suas águas) mais tarde elevado para Bairro Vila Rica. A Empresa Madalozzo loteou aquele espaço e em poucos anos conseguiu negociar (vender) os lotes da Vila Rica à um número expressivo de pessoas. Entretanto, a Madalozzo ao vender os terrenos, não teve os devidos cuidados na preservação do Rio e seus afluentes. O Rio que antes fornecia a água potável àqueles que o utilizavam, passa a sofrer as consequências do crescimento urbano desordenado, provocado pelo rápido aumento da população que passaram a residir muito próximo do Rio. Assim, sem a participação do poder público em realizar a canalização adequada (esgotos) para que houvesse o encaminhamento correto do tratamento dos dejetos humanos e demais entulhos acumulados pela população local, fez com que as pessoas criassem um péssimo habito, lançando no Rio o lixo que produziam.

Diante das péssimas condições do Rio, no início da década de 1990 os próprios moradores do Bairro Vila Rica passaram a chamá-lo de Rio Bostinha. Ainda na década de 1990 e nas décadas subsequentes, em razão de vários fatores, os responsáveis do poder público municipal passaram a investir na captação de águas pluviais por intermédio de galerias, com o objetivo de combater o transbordamento das águas daquele rio e assim por fim as enchentes que assolava aquele Bairro.

Paralelamente a esta melhoria, organizaram também a canalização dos esgotos domésticos para o recolhimento e tratamento dos dejetos humanos, dando um pouco de alívio ao Rio. O Rio que era chamado orgulhosamente de Rio Santa Helena pelas primeiras famílias que aqui fixaram residência, e que atualmente recebe injustamente o nome de Bostinha (culpa do nosso modelo de sociedade e não do Rio), precisa ser revisto esta denominação. Só assim voltaremos ao verdadeiro nome, que a meu ver merece ser: Rio Santa Helena.

Observação:

Estas informações obtive do Sr. José Carvalho da Silva (Popularmente conhecido por José Português), um dos integrantes da primeira família que veio residir em Santa Helena e por muitos anos residiram no Bairro Vila Rica. Chegaram em Santa Helena no dia 20 de junho de 1957, oriundos de Concórdia SC.

Obs. A residência de José Carvalho da Silva está localizada na esquina da Rua Pará com a Rua Ipê sob o nº 560 do Jardim Acácio - Bairro São Luiz – Santa Helena Paraná.

Pesquisa e produção do texto: Professor João Rosa Correia








João Rosa Correia