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Sábado, 04 de Maio de 2024

A feminista saudita fotografada sem véu e condenada a 11 anos de prisão por 'terrorismo'

Manahel al-Otaibi, de 29 anos, tinha feito apelos para o fim do sistema de tutela masculina na Arábia Saudita nas redes sociais.

Dois grupos de direitos humanos condenaram a imposição de uma pena de 11 anos de prisão a uma ativista dos direitos das mulheres sauditas por um tribunal que julga casos de terrorismo.

A personal trainer Manahel al-Otaibi, de 29 anos, foi condenada com base em acusações relacionadas às suas escolhas de vestimenta e à manifestação de suas opiniões online, afirmaram a Anistia Internacional e a organização de direitos humanos ALQST.

Entre suas publicações nas redes sociais, estavam apelos para o fim do sistema de tutela masculina e vídeos dela fazendo compras sem abaya (vestido ou manto longo islâmico), acrescentaram.

Diplomatas sauditas disseram à Organização das Nações Unidas (ONU) que ela foi considerada culpada de "crimes de terrorismo".

Uma carta da missão da Arábia Saudita em Genebra, na Suíça, confirmou que o julgamento de Manahel al-Otaibi foi concluído com sua condenação em janeiro, mas não forneceu mais detalhes sobre o caso.

Dezenas de pessoas, muitas delas mulheres, foram presas no reino saudita, governado por muçulmanos sunitas, nos últimos dois anos devido a publicações nas redes sociais.

A Anistia Internacional e a ALQST, organização de direitos humanos saudita com sede em Londres, no Reino Unido, afirmaram que Manahel al-Otaibi foi uma das primeiras apoiadoras das reformas sociais e econômicas promulgadas pelo príncipe herdeiro Mohammed bin Salman após ele ter sido nomeado herdeiro do trono pelo pai, o rei Salman, em 2017.

Dois anos depois, ela disse à emissora alemã Deutsche Welle que se sentia livre para vestir o que quisesse e manifestar suas opiniões. Ela também explicou que seu comportamento era "baseado no que o príncipe herdeiro disse... que tenho o direito de escolher o que quero vestir, desde que seja digno de respeito".

Em novembro de 2022, ela foi presa sob acusação de terrorismo em meio a uma forte repressão à dissidência online.

A ALQST afirmou que ela foi inicialmente acusada de violar a lei contra crimes cibernéticos, incluindo "se opor às leis relativas às mulheres, como o sistema de tutela masculina e a lei do hijab (véu islâmico)"; "participar de diversas hashtags contrárias a essas leis"; "ter várias fotos e vídeos com roupas indecentes em contas [de rede social]" e "ir a lojas sem usar abaya, fotografar isso e publicar no Snapchat".

Sob o sistema de tutela masculina da Arábia Saudita, o pai, irmão, marido ou filho de uma mulher tem autoridade para tomar decisões importantes em seu nome sobre casamento, divórcio e filhos.

A irmã dela, Fawzia, enfrentou acusações semelhantes, mas fugiu do reino naquele ano, após ser intimada a prestar depoimento, acrescentou a ALQST.

G1