A Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) realizará, no dia 26 de setembro, às 16h, no auditório do Jardim Universitário, a Sessão Solene de Concessão do Título de Doutor Honoris Causa ao jornalista e militante de direitos humanos Aluízio Ferreira Palmar. O reconhecimento chega 57 anos após a ditadura militar interromper sua carreira acadêmica e simboliza um gesto de reparação histórica em defesa da democracia e da memória.

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Palmar tinha 27 anos quando foi obrigado a abandonar o curso de Ciências Sociais na Universidade Federal Fluminense, em Niterói–RJ. Militante estudantil da geração de 1968, ligado ao PCB e posteriormente ao MR-8, foi perseguido, preso na Ilha Grande e permaneceu encarcerado por mais de dois anos, até ser liberto em troca do embaixador suíço Giovanni Bucher, sequestrado em ação comandada por Carlos Lamarca. Banido do Brasil, seguiu para o exílio no Chile, sem jamais concluir o sonhado diploma universitário.

A honraria aprovada pelo Conselho Universitário da Unila em 30 de maio deste ano representa, segundo a instituição, uma reparação simbólica nos marcos da frágil justiça de transição brasileira. Ao retornar à universidade aos 82 anos, Palmar recupera simbolicamente o direito ao reconhecimento acadêmico que lhe foi negado devido à perseguição política.

Trajetória de luta

Nascido em São Fidélis (RJ), em 1943, Palmar resistiu como militante nas décadas de 1960 e 1970 pelo PCB, MR-8 e Vanguarda Popular Revolucionária. Como jornalista radicado na fronteira trinacional, contribuiu profundamente para a história política e social de Foz do Iguaçu. Sua militância é marcada pela busca da verdade e pela preservação da memória dos que lutaram contra o regime militar.

Mesmo sem diploma, Aluízio construiu uma trajetória marcante no jornalismo e na defesa dos direitos humanos. Em Foz do Iguaçu, fundou o jornal Nosso Tempo, que desempenhou um papel crucial nas mobilizações por eleições diretas na cidade, então considerada uma área de segurança nacional. Posteriormente, criou o site Documentos Revelados, um dos mais abrangentes acervos digitais sobre a ditadura no Brasil. Este site se tornou uma referência indispensável para estudantes e pesquisadores em todo o mundo, oferecendo acesso a documentos e informações que iluminam um período essencial da história brasileira.

É autor de livros como Onde foi que vocês enterraram nossos mortos, onde narra a busca por guerrilheiros desaparecidos. Atuou também na Comissão da Verdade Nacional e na Comissão da Verdade do Estado do Paraná, além de ter ajudado a reorganizar o Centro de Direitos Humanos e Memória Popular (CDHMP-FI). Sua colaboração com a Unila inclui apoio desde a implantação da universidade, promovendo debates, cedendo acervos e dialogando com a comunidade acadêmica. Em 30 de junho de 2016, Aluízio Palmar recebeu, do Poder Legislativo de Foz do Iguaçu, o título de Cidadão Honorário da cidade.

Solenidade

O evento de concessão do título será gratuito e aberto à comunidade acadêmica e à população. A cerimônia está marcada para o dia 26 de setembro (sexta-feira), às 16h, no auditório do Jardim Universitário, em Foz do Iguaçu.

Fronteira Livre

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