Internacionais | Ativistas

Quarta-feira, 21 de Fevereiro de 2024

Ativistas chilenos pedem que Museu Britânico devolva estátua da Ilha de Páscoa

Artefato foi tirado ilegalmente em 1868, tendo sido doado ao museu pela rainha Vitória

O Museu Britânico está enfrentando novos apelos para que devolva uma enorme estátua moai à Ilha de Páscoa, desta vez em uma campanha nas redes sociais desencadeada por ativistas chilenos.

A Ilha de Páscoa, conhecida como Rapa Nui no idioma local, é um território chileno no Oceano Pacífico famosa pelas estátuas “moai” que pontilham sua paisagem.

Os então moradores da ilha esculpiram as enormes estruturas paleolíticas em forma de cabeças humanas para homenagear seus antepassados, acreditando que representavam encarnações de parentes falecidos.

O influenciador das redes sociais Mike Milfort, que tem 7,5 milhões de seguidores no TikTok, fez diversas postagens sobre o moai do Museu Britânico, uma figura de basalto de 2,4 metros de altura conhecida como Hoa Hakananai’a (“amigo perdido ou roubado”), que foi tirada sem permissão em 1868.

A campanha gerou uma enxurrada de comentários nas postagens do Instagram do Museu Britânico, muitos dos quais incluíam a frase “Traga de volta os moai”.

O museu chegou a desativar os comentários em uma postagem feita em conjunto com o programa de extensão juvenil do museu.

“Os comentários foram desativados apenas em uma postagem nas redes sociais”, informou um porta-voz do museu à CNN em comunicado na segunda-feira (20).

“Parabenizamos o debate, mas este deve ser equilibrado com a necessidade de considerações de salvaguarda, especialmente quando se trata de jovens”, complementou.

O presidente chileno, Gabriel Boric, também mencionou a campanha em entrevista à rádio local Radio Chiloé. “Os ingleses deveriam nos devolver os moai”, destacou Boric no mês passado, durante uma conversa sobre turismo no Chile.

De acordo com o Museu Britânico, cerca de 887 moai foram erguidos entre 1100 e 1600 DC. O moai de Londres é um dos 14 feitos de basalto, tendo sido doado ao museu pela rainha Vitória, que o recebeu de presente. Estima-se que a figura pese cerca de 4,6 toneladas.

Pedidos anteriores de devolução

A campanha nas redes sociais é o esforço mais recente para levar o moai de volta à Ilha de Páscoa, mas não é o primeiro.

Em novembro de 2018, a então governadora da ilha pediu que o Museu Britânico devolvesse a estátua, alegando que os ingleses “têm a nossa alma”.

Tarita Alarcón Rapu fez um apelo ao Reino Unido, expressando esperança de que um acordo de empréstimo pudesse ser alcançado.

Depois, em junho de 2019, uma delegação do museu viajou para a Ilha de Páscoa para discutir a devolução dos famosos artefatos.

Um porta-voz do museu informou à CNN que outras iniciativas envolvendo representantes da Ilha de Páscoa ocorreram no Museu Britânico em 2022 e 2023.

“Temos relações boas e abertas com colegas em Rapa Nui. Esses eventos fortaleceram as relações com a comunidade e lançaram as bases para colaborações futuras”, destacaram.

O Museu Britânico, tal como outras instituições culturais do mundo ocidental, enfrenta apelos para devolver muitos artefatos ao seu local de origem.

Em janeiro, o Museu Britânico e o Museu Victoria and Albert, em Londres, anunciaram que devolveriam artefatos de prata e ouro saqueados do Gana no século XIX, depois de assinarem um acordo de empréstimo de longo prazo.

Os itens, relativos à corte real Asante, serão exibidos no Museu do Palácio Manhyia em Kumasi.

CNN