Brasil | Desmatamento
Segunda-feira, 03 de Novembro de 2025
Balsas cresce com o agronegócio, mas desmatamento ameaça nascentes e segurança hídrica
Nos últimos 25 anos, o município de Balsas (MA) se transformou em um dos polos do agronegócio no Brasil, integrando a região do Matopiba — fronteira agrícola que abrange Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. O avanço econômico, impulsionado por grandes empresas e pela recente instalação da maior biorrefinaria de etanol de milho da América Latina, da empresa Inpasa, fez de Balsas o terceiro maior PIB do estado. No entanto, o crescimento veio acompanhado de fortes impactos ambientais.
Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil (RAD 2024), Balsas foi o segundo município que mais desmatou no país, suprimindo 16 mil hectares de vegetação nativa apenas em 2024. O Maranhão liderou o ranking estadual, concentrando 17,6% de toda a devastação nacional. O desmatamento ameaça as nascentes do Rio Balsas, afluente da Bacia do Parnaíba, essencial para o abastecimento de parte do Nordeste.
Moradores rurais relatam a redução da vazão das águas e a dificuldade de acesso à água potável. Estudos do Serviço Geológico Brasileiro (SGB) e da Agência Nacional de Águas (ANA) confirmam queda significativa nos níveis dos rios da região nas últimas décadas. Ambientalistas e pesquisadores alertam para uma crise hídrica silenciosa, agravada pela expansão da monocultura e pela autorização de supressão de vegetação em áreas protegidas.
Enquanto o agronegócio defende que os benefícios econômicos superam os danos ambientais, comunidades tradicionais e a Diocese de Balsas denunciam o avanço da monocultura como uma “ilusão de desenvolvimento”, que concentra renda e expulsa famílias do campo. O bispo Dom Valentim de Menezes propõe ações de reflorestamento, mas reconhece a falta de apoio institucional.
A Prefeitura e o Governo do Maranhão afirmam buscar equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade. Ambos reconhecem o risco hídrico, mas argumentam que parte do desmatamento ocorre dentro dos limites legais e que o Estado intensifica a fiscalização contra práticas ilegais.
Entre o progresso econômico e a preservação do Cerrado, Balsas simboliza o dilema nacional entre produzir mais e conservar os recursos que sustentam a vida e o próprio desenvolvimento.
Correio do Lago com informações da Agência Brasil.








