Internacionais | EUA x Venezuela
Sábado, 06 de Dezembro de 2025
Como o Brasil vê possível conflito na América Latina
Governo brasileiro teme entrada em massa de refugiados, vácuo de poder e possível caos político no país vizinho em caso de ofensiva americana
O Brasil está adotando uma postura cautelosa diante da crescente tensão entre os Estados Unidos e a Venezuela. O possível conflito foi tema do Fora da Ordem, o videocast de geopolítica da CNN Brasil, nesta semana.
O analista sênior de Internacional da CNN Brasil Américo Martins afirma que o Brasil busca evitar qualquer tipo de conflito militar na região.
Segundo apuração de Martins, o governo brasileiro definiu como prioridade fazer todo o possível para impedir o uso da força militar na América do Sul, especialmente em um país com o qual compartilha uma extensa fronteira.
Os governos de Brasil e Venezuela estão mais distanciados atualmente, apesar da melhora das relações no início do terceiro governo Lula.
O Planalto não reconheceu a reeleição de Nicolás Maduro, marcada por denúncias de fraude eleitoral, e chegou a vetar a entrada da Venezuela no Brics, o que reforçou o distanciamento.
Preocupações do governo brasileiro
Martins aponta que o Brasil tem várias preocupações estratégicas relacionadas ao possível conflito. Em primeiro lugar, há o interesse em manter o continente em paz, não interessando qualquer conflito, principalmente em uma grande escala, em um país fronteiriço.
Há também o temor de um aumento massivo no fluxo de refugiados venezuelanos entrando no território brasileiro.
Os venezuelanos superaram os portugueses como maior grupo estrangeiro no Brasil, com 271 mil imigrantes vivendo no país, de acordo com censo publicado este ano com dados de 2010 a 2022.
E o fluxo migratório tem se intensificado com a pressão militar dos Estados Unidos sobre a Venezuela.
Além disso, existe a preocupação com um possível vácuo de poder caso o regime de Maduro caia sem um plano claro para o dia seguinte.
Américo Martins avalia que figuras da oposição como María Corina Machado poderiam não ter apoio suficiente para manter a estabilidade no país. "Pode haver um vácuo de poder que levaria ao caos", destaca.
Outro ponto de preocupação para o Brasil, na avaliação de Américo Martins, é o possível precedente que uma intervenção militar americana na Venezuela poderia estabelecer para a região.
Há o temor de que, se uma ação militar for bem-sucedida em derrubar Maduro, os setores mais radicais dos Estados Unidos poderiam considerar abordagens semelhantes em outros países latino-americanos onde há governos críticos à política da Casa Branca, como a Colômbia de Gustavo Petro.
Os Estados Unidos declararam guerra contra o narcotráfico, e o governo Donald Trump afirma que a mobilização militar perto da América Latina é contra os cartéis de drogas.
Por sua vez, a ditadura de Nicolás Maduro afirma que a ofensa americana busca a mudança de regime na Venezuela.
CNN Brasil








