Brasil | Luto
Segunda-feira, 21 de Abril de 2025
Lula lamenta morte do papa Francisco e decreta luto de sete dias no Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lamentou nesta segunda-feira (21) a morte do papa Francisco. Em nota oficial, o chefe do Executivo destacou o legado do pontífice, afirmando que ele “viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos”.
Lula também relembrou encontros com o papa, ao lado da primeira-dama Janja Lula da Silva, e exaltou o diálogo construído em torno de valores como paz, igualdade e justiça. “Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará”, disse o presidente.
Em sinal de respeito e homenagem, Lula decretou luto oficial de sete dias no Brasil. Na nota, o presidente enfatizou o posicionamento firme do papa em defesa dos mais vulneráveis e sua crítica aos modelos econômicos que geram desigualdades.
“Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito.”, destacou.
A primeira-dama, Janja, também se manifestou nas redes sociais. Ela descreveu o papa como “um farol no meio de tantas trevas” e ressaltou sua defesa incansável dos pobres e marginalizados. Janja mencionou, ainda, a última aparição pública do pontífice, no Domingo de Páscoa, quando Francisco dirigiu palavras de solidariedade ao povo de Gaza, denunciando a crise humanitária vivida pelos palestinos.
Trajetória do pontífice
O papa Francisco faleceu aos 88 anos, em sua residência oficial, a Casa Santa Marta, no Vaticano, em Roma. A morte foi confirmada pelo cardeal Kevin Farrell. Um dia antes, Francisco fez uma aparição pública na Praça de São Pedro, onde foi ovacionado por milhares de fiéis.
Jorge Mario Bergoglio, nome de batismo do pontífice, nasceu em Buenos Aires, na Argentina, em 17 de dezembro de 1936. Filho de imigrantes italianos, formou-se em química antes de ingressar no seminário, aos 20 anos. Lecionou na Faculdade de São Miguel e obteve doutorado em teologia pela Universidade de Freiburg, na Alemanha.
Ele foi eleito papa em 2013, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano da história, após a renúncia de Bento XVI.
Relação com o Brasil
A relação de Lula com Francisco sempre foi marcada pela admiração mútua. Em fevereiro deste ano, durante uma internação do papa por complicações respiratórias, o presidente promoveu uma missa em sua intenção no Palácio da Alvorada. A celebração contou com a presença do vice-presidente Geraldo Alckmin, de Janja e de religiosos próximos ao petista.
Lula e o papa também estiveram juntos durante a cúpula do G7, realizada na Itália, em 2023. Na ocasião, debateram questões como o combate à fome. Em 2019, quando estava preso, o ex-presidente recebeu cartas de apoio do pontífice. “Quero […] lhe encorajar pedindo para não desanimar e continuar confiando em Deus”, escreveu Francisco à época.
Últimos meses
O papa Francisco enfrentava problemas de saúde e esteve internado recentemente por cerca de 40 dias, tratando uma pneumonia. Recebeu alta em 23 de março e vinha se recuperando em casa desde então.
Confira a nota completa do Planalto:
A humanidade perde hoje uma voz de respeito e acolhimento ao próximo. O Papa Francisco viveu e propagou em seu dia a dia o amor, a tolerância e a solidariedade que são a base dos ensinamentos cristãos.
Assim como ensinado na oração de São Francisco de Assis, o argentino Jorge Bergoglio buscou de forma incansável levar o amor onde existia o ódio. A união, onde havia a discórdia. E a compreensão de que somos todos iguais, vivendo em uma mesma casa, o nosso planeta, que precisa urgentemente dos nossos cuidados.
Com sua simplicidade, coragem e empatia, Francisco trouxe ao Vaticano o tema das mudanças climáticas. Criticou vigorosamente os modelos econômicos que levaram a humanidade a produzir tantas injustiças. Mostrou que esse mesmo modelo é que gera desigualdade entre países e pessoas. E sempre se colocou ao lado daqueles que mais precisam: os pobres, os refugiados, os jovens, os idosos e as vítimas das guerras e de todas as formas de preconceito.
Nas vezes em que eu e Janja fomos abençoados com a oportunidade de encontrar o Papa Francisco e sermos recebidos por ele com muito carinho, pudemos compartilhar nossos ideais de paz, igualdade e justiça. Ideais de que o mundo sempre precisou. E sempre precisará.
Que Deus conforte os que hoje, em todos os lugares do mundo, sofrem a dor dessa enorme perda. Em sua memória e em homenagem à sua obra, decreto luto de sete dias no Brasil
O Santo Padre se vai, mas suas mensagens seguirão gravadas em nossos corações.
CGN