Brasil | Resistência
Terça-feira, 22 de Julho de 2025
O impacto da pandemia na relação dos brasileiros com o próprio corpo
A pandemia de Covid-19 mudou muitas coisas no cotidiano dos brasileiros – a forma de trabalhar, de se relacionar, de consumir e, principalmente, de cuidar do próprio corpo. Com as academias fechadas, a circulação limitada e a rotina completamente alterada, milhões de pessoas passaram a encarar o corpo não apenas como instrumento de estética, mas como reflexo direto da saúde física e emocional.
Esse período de incertezas levou a uma série de transformações na maneira como os brasileiros lidam com o espelho, com os hábitos alimentares e com o movimento. Para alguns, foi o início de uma jornada de autoconhecimento e autocuidado. Para outros, um momento de insegurança, pressão estética e dificuldade de adaptação.
O isolamento, somado ao aumento do tempo em casa, provocou oscilações significativas no estilo de vida. Parte da população se viu mais sedentária, com aumento de peso e distúrbios de sono. Outros encontraram na alimentação balanceada, nos treinos em casa e nas caminhadas ao ar livre uma forma de manter o equilíbrio em meio ao caos.
Mais do que uma mudança de comportamento temporária, a pandemia deixou marcas duradouras na relação que temos com nosso próprio corpo. A busca por bem-estar ganhou novos significados – e isso se refletiu no crescimento de mercados como o de alimentação saudável, aplicativos de treino, vestuário esportivo e suplementação.
Corpo, saúde e rotina: os novos pilares do cuidado
Antes da pandemia, a prática de exercícios físicos era frequentemente associada a objetivos estéticos: emagrecer, definir músculos, “entrar em forma” para o verão. Mas com a chegada do vírus e a necessidade de reforçar o sistema imunológico, a percepção mudou. O corpo passou a ser visto como uma ferramenta de resistência, um bem a ser protegido e fortalecido para enfrentar um cenário de riscos.
Essa mudança de mentalidade impactou diretamente o consumo e o estilo de vida. Itens como equipamentos de treino, alimentos naturais e produtos voltados à alimentação funcional começaram a fazer parte do carrinho de compras de muitas famílias. Mesmo em casa, a preocupação com a saúde se manteve ativa – e se estendeu aos pequenos detalhes, como escolher um lanche mais nutritivo ou optar por marcas com ingredientes mais naturais.
Foi nesse contexto que produtos como as pastas de amendoim da Dr Peanut, assim como snacks e outros produtos, ganharam espaço nas prateleiras e nas redes sociais. Com opções que unem sabor e valor nutricional, a marca conquistou o público que buscava alternativas saudáveis, sem abrir mão do prazer em comer bem. Afinal, em tempos difíceis, a relação com a comida também precisou ser ressignificada – e encontrar equilíbrio entre nutrição e conforto se tornou essencial.
A estética em tempos de isolamento
Ao mesmo tempo em que cresceu a preocupação com a saúde, o confinamento gerou uma série de tensões em relação à aparência. O espelho, agora presente no home office, nos treinos caseiros e nas reuniões por vídeo, passou a refletir mais do que a imagem: refletia também o estado emocional.
Muitos se viram pressionados por discursos contraditórios. De um lado, a ideia de “aproveitar o tempo livre” para entrar em forma. Do outro, a culpa por não conseguir manter uma rotina saudável diante de tantas incertezas. A estética seguiu sendo um tema presente, mas cercado de novos significados: mais ligada à aceitação, à autoestima e à reconciliação com o próprio corpo do que a padrões inatingíveis.
As redes sociais tiveram papel duplo nesse cenário. Enquanto perfis de influenciadores continuavam mostrando treinos, receitas e resultados, também surgiu uma onda de conteúdo mais realista, que valorizava o corpo possível – aquele que, mesmo sem academia, seguia enfrentando os desafios do dia a dia.
Esse movimento favoreceu a criação de comunidades online focadas em bem-estar, não apenas em estética. Lives, desafios, grupos de apoio e compartilhamento de metas ajudaram a reforçar a ideia de que cada trajetória corporal é única — e merece respeito.
A volta ao movimento e a construção de novos hábitos
Com a flexibilização das medidas de isolamento e a reabertura das academias, muitos brasileiros retomaram suas rotinas de treino. Mas o retorno não foi ao ponto de partida. Os hábitos adquiridos durante o confinamento, como treinar em casa, cuidar mais da alimentação ou buscar momentos de pausa, permaneceram.
Para grande parte da população, a pandemia foi um divisor de águas: antes, o corpo era moldado ao ritmo do mundo externo; depois, passou a responder mais ao ritmo interno. Essa nova perspectiva influenciou inclusive as motivações para treinar. Se antes a pressa para alcançar resultados era a regra, agora há mais foco no processo, no prazer da atividade e nos ganhos que vão além da balança.
Essa mudança também impactou o mercado. Marcas que dialogam com esse novo consumidor – mais consciente, mais interessado na qualidade e no propósito por trás dos produtos – passaram a ganhar relevância. Além disso, a relação com o consumo se tornou mais estratégica: o que antes era impulsivo, hoje passa por avaliação de custo-benefício, confiabilidade e identificação com valores.
Por isso, quando uma marca lança uma nova linha de produtos ou anuncia um surpreendente descontaço, o público responde com atenção, especialmente se a proposta estiver alinhada ao estilo de vida que valorizam. Promoções bem estruturadas, quando associadas a qualidade e propósito, se tornam oportunidades reais de manter hábitos saudáveis com mais economia.
O corpo como símbolo de resistência e cuidado
Mais do que nunca, o corpo se tornou símbolo de resistência. Não apenas física, mas também emocional. Cuidar do próprio corpo em meio a uma pandemia global foi, para muitos, um ato de coragem. Seguir se movimentando, mesmo sem equipamentos. Escolher melhor os alimentos, mesmo em tempos de estresse. Reconhecer os limites e respeitar o próprio tempo.
Esses aprendizados não ficaram para trás. Eles moldam, ainda hoje, a forma como encaramos a saúde, o autocuidado e a relação com nós mesmos. A pandemia pode ter nos afastado de muitos lugares, mas nos aproximou do que realmente importa: o corpo como casa, como parceiro, como instrumento de presença no mundo.
E se o mundo fitness antes era sinônimo de exigência e alta performance, hoje ele pode ser também sinônimo de equilíbrio, de escuta e de prazer. Uma caminhada no fim da tarde, uma refeição mais colorida, uma playlist para alongar o corpo – tudo isso também faz parte de uma vida ativa e conectada consigo mesmo.








