Internacionais | Navios fantasmas
Quinta-feira, 18 de Dezembro de 2025
O que é a frota de navios fantasmas que os EUA acusam a Venezuela de usar para burlar sanções e exportar petróleo?
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que está ordenando um "bloqueio total e completo" de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela.
A medida se refere a navios acusados pelos Estados Unidos de transportar petróleo venezuelano em violação a sanções internacionais impostas ao país.
Segundo Washington, essas embarcações integram redes usadas pelo governo de Nicolás Maduro para escoar petróleo no mercado internacional, apesar das restrições, muitas vezes com mudanças de bandeira, desligamento de sistemas de rastreamento e transferências de carga em alto-mar.
Em uma publicação na rede Truth Social, na terça-feira (16), Trump disse que o governo do presidente venezuelano Nicolás Maduro foi designado como uma organização terrorista estrangeira e o acusou de roubar ativos dos Estados Unidos, além de envolvimento em "terrorismo, tráfico de drogas e tráfico de pessoas".
"Portanto, hoje estou ordenando UM BLOQUEIO TOTAL E COMPLETO DE TODOS OS PETROLEIROS SANCIONADOS que entram e saem da Venezuela", acrescentou.
O anúncio ocorre em meio a uma intensificação da pressão dos Estados Unidos sobre o setor petrolífero venezuelano, que tem recorrido cada vez mais a uma chamada "frota fantasma" para contornar sanções internacionais e manter as exportações de petróleo.
Até a semana passada, mais de 30 dos cerca de 80 navios que estavam em águas venezuelanas ou se aproximavam do país estavam sob sanções dos EUA, segundo dados compilados pela empresa TankerTrackers.com.
Em nota, o governo da Venezuela afirmou que rejeita a "ameaça grotesca" de Trump e classificou as ações recentes dos Estados Unidos como atos de pirataria à luz do direito internacional.
Os preços do petróleo subiram mais de 1% na quarta-feira (18), diante da expectativa de uma possível redução nas exportações venezuelanas.
O mercado global de petróleo segue bem abastecido por enquanto, mas, se o embargo se mantiver por um período prolongado, os preços tendem a subir ainda mais.
Analistas afirmam que uma interrupção prolongada nas exportações de petróleo da Venezuela também pode apertar ainda mais os já pressionados mercados de diesel, elevando os preços e contribuindo para a inflação global.
As declarações de Trump foram feitas uma semana depois de os Estados Unidos apreenderem um navio petroleiro na costa da Venezuela, intensificando a campanha de pressão de Washington contra o governo de Nicolás Maduro.
Em 2019, quando Donald Trump estava em seu primeiro mandato como presidente dos EUA, ele impôs sanções ao setor petrolífero da Venezuela para pressionar pela renúncia de Nicolás Maduro e as exportações do país caíram para cerca de 495 mil barris por dia.
Seis anos depois, as sanções seguem em vigor, mas as vendas externas de petróleo voltaram a crescer e hoje giram em torno de 1 milhão de barris diários.
Mesmo assim, o volume ainda é baixo para um país que, em 1998, antes da chegada de Hugo Chávez (1954-2013) ao poder, produzia 3 milhões de barris por dia.
A recuperação parcial, porém, indica que as sanções não têm surtido o efeito esperado pelos EUA.
Isso porque o governo Maduro vem encontrando formas de reativar a produção e criar novas rotas para comercializar o petróleo venezuelano, contornando as restrições.
Nessa estratégia de comercialização, desempenha papel central a chamada "frota fantasma": um conjunto de petroleiros que, por meio de diferentes artifícios, tentam ocultar que estão transportando petróleo venezuelano.
Uma dessas embarcações foi interceptada e apreendida na semana passada (10/12) pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, quando navegava em águas próximas à costa da Venezuela.
"Acabamos de apreender um petroleiro na costa da Venezuela, um petroleiro grande, muito grande; na verdade, o maior já apreendido", disse Trump ao anunciar a operação à imprensa na Casa Branca.
O governo Maduro reagiu, classificando a ação como um "roubo descarado e ato de pirataria", e afirmou que recorrerá às instâncias internacionais disponíveis para denunciar o ocorrido.
A apreensão aumenta as tensões com o governo Maduro que vêm se intensificando desde agosto, quando o governo Trump lançou uma ampla operação militar no Caribe.
A justificativa oficial é o combate ao narcotráfico, mas analistas acreditam que o objetivo final é pressionar uma mudança de regime na Venezuela.
Além de seu possível objetivo político, a medida tem efeito econômico direto, ao dificultar ainda mais as exportações de petróleo da Venezuela e aumentar a pressão sobre a chamada frota fantasma.
Mas o que se sabe sobre a forma de operação dessas embarcações?
G1








