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Quinta-feira, 01 de Maio de 2025
Quem será o novo papa? Casas de apostas apontam favorito antes do conclave
Cardeais se reúnem a partir de 7 de maio para votação que escolhe o próximo líder da Igreja
Casas de apostas ao redor do mundo exploraram o processo de escolha do novo papa, conhecido como conclave, para movimentar milhões de reais em palpites sobre quem será o próximo pontífice após a morte de Francisco.
Os cardeais favoritos para se tornarem papa já chegaram ao Vaticano para o conclave. O ritual, que remonta ao século XIII, começa no dia 7 de maio.
A votação secreta do novo chefe da Igreja gera discussões ao redor de nomes considerados fortes candidatos, também chamados de “Papabile” (“papável”, em tradução literal).
Os palpites sobre quem vai suceder Francisco, por exemplo, já movimentaram US$ 11,5 milhões (cerca de R$ 60 milhões), segundo dados da plataforma Polymarket, um mercado de previsões baseado nas informações de blockchains (ferramentas de bancos de dados usadas, sobretudo, pelo setor de criptoativos).
Segundo a Polymarket, o mercado “Quem será o próximo papa?” registrou, até esta quarta-feira (30), os seguintes cardeais as maiores apostas de se tornarem o próximo papa:
Pietro Parolin: com 23% de chance
Luis Antonio Tagle: com 22% de chance
Peter Turkson: com 17% de chance
Matteo Zuppi: com 12% de chance
Parolin é o favorito na plataforma desde antes da morte de Francisco, apesar de ter sido brevemente ultrapassado por Tangle no dia 22 de abril — um dia após o pontífice argentino falecer.
“Já há muita especulação sobre o próximo papa, e atualmente colocamos o Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, como nosso favorito, com cotação de 9/4”, disse Lee Phelps, porta-voz do grupo britânico de apostas William Hill à Reuters.
Ele acrescentou que “Luis Antonio Tagle está em segundo lugar em nosso mercado, com cotação de 3/1, e se tornaria o primeiro papa asiático da história, enquanto Matteo Zuppi e Peter Turkson estão ambos cotados a 6/1″.
Quem é Pietro Parolin?
O cardeal italiano Pietro Parolin, atua desde 2013 como secretário de Estado do Vaticano – cargo que basicamente reúne as funções de um primeiro-ministro e um ministro das Relações Exteriores, além de ser considerado o “número 2” do papa.
Fontes com conhecimento do Vaticano ouvidas pela CNN, que falaram sob a condição de anonimato, dizem ver Parolin como um forte candidato e destacam seus quase 40 anos de experiência na diplomacia da Santa Sé.
O Vaticano descreve o cardeal como alguém “particularmente especialista em assuntos relativos ao Oriente Médio e à situação geopolítica do continente asiático”.
Entre 2009 e 2013, ele também atuou como núncio apostólico (espécie de “embaixador da Santa Sé”) na Venezuela, em um momento de crise na relação da Igreja Católica com o governo de Hugo Chávez. Parolin ainda teve papel importante na intermediação das negociações que levaram à retomada das relações de Cuba e EUA, em 2015.
Se o perfil diplomático do cardeal em um mundo enxameado de conflitos é visto como ponto forte para alguns especialistas, outros destacam seus contras.
Uma fonte destacou à CNN, sob a condição de anonimato, que Parolin é visto como “um burocrata do Vaticano” e é esperado “que essa seja uma figura cada vez menos provável no papado”. “Apesar de Parolin se encaixar nos critérios de continuidade e facilidade de articulação, não tem o histórico mais provável para um papa”, relatou.
O vaticanista australiano Paul Collins avaliou que Parolin tem forte identificação com as ideias de Francisco, “mas não tem experiência pastoral e nunca administrou uma diocese”.
Collins ainda citou “escândalos financeiros complexos” que aconteceram na Secretaria de Estado durante o mandato do cardeal. “No início do papado de Francisco, ele era visto como um nome ‘quente’, mas seu brilho diminuiu consideravelmente”, acrescentou.
Quem é Luis Antonio Tagle?
Caso a escolha do próximo papa não vá em direção à Itália, o cardeal filipino Luis Antonio Tagle é apontado entre os principais concorrentes.
Arcebispo emérito de Manila e proclamado cardeal em 2012, Tagle já foi apelidado de “o Francisco asiático” por conta de sua relação com os pobres.
O site “Crux”, que é especializado em cobertura da Igreja Católica e Vaticano, publicou um artigo, no qual descrevia o cardeal Tagle como “um moderado orientado à justiça social, que é mais conhecido pela sua defesa dos imigrantes e dos pobres, e cujo estilo de vida pessoal fala de modéstia e simplicidade”.
Uma fonte afirmou à CNN que Tagle “é um candidato forte”. “Ele tem histórico de compromisso social e vem do Oriente, onde a Igreja costuma ser mais tradicionalista do que na Europa. Poderia fazer uma ponte mais fácil com os conservadores norte-americanos e mostraria um aumento da internacionalização da Igreja”, relatou.
Já Collins acredita que problemas administrativos na instituição de caridade Caritas Internacional durante a gestão de Tagle podem tirar sua proeminência entre os cardeais. Outra fonte ainda destaca o fato de Tagle vir de uma família de ascendência chinesa e a China é um tema sensível na Igreja.
O pontificado de Francisco firmou um acordo histórico em 2018 que apaziguou as relações com Pequim, mas o pacto enfrentou críticas – sobretudo da ala conservadora.
As listas de “papabili” também trazem outros cardeais com chances de serem eleitos papa e que, assim como os últimos exemplos citados, estariam alinhados à ideia de continuidade do pontificado de Francisco e consolidação das reformas iniciadas.
São eles o cardeal francês Jean-Marc Aveline, o maltês Mario Grech, que atua como secretário do Sínodo dos Bispos, o cardeal português José Tolentino de Mendonça, o americano Robert Francis Prevost e o britânico Arthur Roche.
Apesar de considerado altamente improvável, os especialistas também analisaram a possibilidade do conclave surpreender a todos e os cardeais optarem por um nome conservador e que contraste com as ideias da Igreja na última década.
CNN