As companhias aéreas asiáticas se mobilizaram neste sábado (29) para corrigir uma falha de software em seus jatos Airbus A320, após um amplo recall feito pela fabricante europeia, que deixou aeronaves em solo em toda a região e já havia causado interrupções nos Estados Unidos durante o fim de semana mais movimentado do ano.

O recall de 6 mil aviões abrange mais da metade da frota global da família A320 da Airbus, base da aviação de curta distância na Ásia — especialmente na China e na Índia, onde o crescimento econômico levou milhões de novos viajantes aos céus.

Reguladores em todo o mundo seguiram a Agência da União Europeia para a Segurança da Aviação, orientando as companhias a corrigirem o problema de software do A320 antes de retomar os voos.

O recall, divulgado a 350 operadores em todo o mundo, parece ser um dos maiores da Airbus em seus 55 anos de história e ocorre poucas semanas depois de o A320 ultrapassar o Boeing 737 como o modelo mais entregue na aviação.

Correção é simples, mas necessária
A Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA) determinou que as companhias substituam ou modifiquem o software que controla os profundores e ailerons dos modelos A319, A320 e A321.

O órgão regulador da Índia afirmou que 338 aeronaves Airbus no país foram afetadas pela falha, mas disse que o reinício do software seria concluído até domingo. A maior companhia aérea do país, a IndiGo, informou que já completou o procedimento em 160 de suas 200 aeronaves.

A Air India, que tem 113 aviões impactados, concluiu o processo em 42. Ambas as companhias alertaram para atrasos no sábado.

“Não há grande impacto na integridade da malha aérea em nossa rede”, publicou a Air India no X. “No entanto, alguns de nossos voos podem sofrer pequenos atrasos ou remanejamentos.”

A Administração de Aviação Civil de Taiwan instruiu as companhias a realizarem inspeções e manutenção, estimando que cerca de dois terços dos 67 A320 e A321 operados por empresas da ilha foram afetados.

A Autoridade de Aviação Civil de Macau afirmou ter solicitado que a Air Macau tratasse do problema, incluindo o remanejamento de voos para minimizar os transtornos aos passageiros.

A ANA Holdings, maior companhia aérea do Japão, cancelou 95 voos no sábado, afetando 13.500 viajantes.

A ANA e suas afiliadas, como a Peach Aviation, operam a maior frota de jatos A320 do Japão. Sua principal concorrente, a Japan Airlines, opera majoritariamente aeronaves Boeing e não utiliza o A320.

Globalmente, há cerca de 11.300 jatos de corredor único em operação, incluindo 6.440 unidades do A320. A solução envolve principalmente reverter o software para uma versão anterior e, embora simples, precisa ser concluída antes que as aeronaves possam voar novamente.

Incidente de outubro motivou o recall, dizem fontes
A Jetstar, companhia de baixo custo ligada à Qantas, informou que alguns de seus voos seriam afetados pelo recall. A emissora pública australiana ABC relatou atrasos significativos no Aeroporto de Melbourne.

A Asiana Airlines, da Coreia do Sul, disse não esperar grandes interrupções na malha aérea, já que apenas 17 de suas aeronaves foram afetadas. A Korean Air declarou estar trabalhando para devolver 10 de seus jatos ao serviço.

G1